quinta-feira, 29 de maio de 2014

Copa do Mundo no Brasil: sonho de jovens e idosos

O tempo é implacável. Inexoravelmente cruel. José Moxotó tem 72 anos - cabelos brancos encimam sua cabeça, rugas cobrem-lhe o rosto. O andar é lento, ligeiramente trôpego, quase vacilante. Mas basta um contato meramente inicial para perceber que aquele senhor é um homem que soube - ainda sabe!- viver. Como poucos, ele aproveitou as possibilidades que a vida lhe ofereceu. Viajou, brincou, curtiu, divertiu-se. Foi a três Copas do Mundo. E aguarda ansiosamente a quarta, única entre as quais não precisará atravessar o atlântico para assistir.

Seu Moxotó, como é conhecido, é um homem incomum. A começar pela própria casa: em formato de barco. "Eu sempre gostei muito de navio, viajei muito pelo mar, e tive a ideia de fazer a minha casa com esse motivo", explicou - com ar meio debochado, como se morar numa residência semelhante a um navio fosse a coisa mais comum do mundo.

"O pessoal para, bate foto aí na frente, é uma atração mesmo", diz o filho, Beni Moxotó. É ele, também, que revela uma característica interessante do pai. "Ele gosta de folia, de 'resenha'", afirma, imediatamente antes de dar um exemplo. "Já aconteceu mais de uma vez. Quando tinha jogo de FLamengo, Corinthians, em Salvado, meu pai viajava com a gente de avião e emprestava o carro para os amigos, pagava o ingresso deles para o jogo, e queria que todo mundo fosse. Tudo por conta da diversão", lembra, não sem carinho.

"É disso que eu gosto. Quando tinha jogo, aqui, do Petrolina contra o Primeiro de Maio, eu contratava charanga, levava um monte de gente... Aí me perguntavam para quem eu torceria. Eu respondia que quem ganhasse, para mim, estava bom. Eu estava ali pela folia", conta. Foi com esse espírito que ele foi a três copas do mundo. A de 1982, na Espanha, a de 1990, na Itália, e a de 1994, nos Estados Unidos. A mais inesquecível, claro, foi a norte-americana: "Não podia ser outra, ali o Brasil foi tetra- campeão".

Ex-pugilista e comerciante, Moxotó ainda é um senhor muito ativo. Mostrou que - sentado- consegue levantar do chão sem usar as mãos. Ainda ensaiou um golpes de boxe e mostrou o porte enxuto para quem já tem mais de setenta anos - e que já passou por dois enfartes. Um de seus maiores desejos - e dos poucos ainda irrealizados- está prestes a se concretizar. Um mundial no Brasil - na sua terra. É mais do que ele poderia sonhar. "Eu sempre esperei isso aqui. Se eu aguentar até lá, ficarei muito feliz, muito feliz", diz. "Claro que vai aguentar, papai", retruca o filho - e, na esteira de sua voz, somam-se outras. De todos aqueles que conheceram o simpático senhor. Aguenta mais um pouco, seu Moxotó.



 Retirado do site: http://produtos.ne10.uol.com.br/caravana/index.php

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